quarta-feira, 23 de julho de 2014

amar à distância


Quando em tempos seduzi o meu neto (o mais velho, 5 anos de gente) a abraçar a paternidade de um LOBO IBÉRICO, tinha em mente levá-lo pela mão à integração naquela causa  - a preservação da espécie num futuro de que ele, mais que ninguém, virá a fazer parte.

 Não foi fácil, não se pense.

Numa primeira fase o obstáculo (inesperado) que provém dos mitos e histórias que povoavam a cabeça do petiz: o lobo mau, o capuchinho vermelho, enfim, vocês sabem. Percebi nele aquela relutância própria de quem se sente dividido.

Afinal em que ficamos? O lobo é um ser amistoso, como o gato do avô, ou mais um potencial 'inimigo' a enfrentar nessa imensa ‘selva’ a que pertencem os mamíferos que não se deixam acariciar?

Mais tarde, surgiu então o embaraço na escolha do ‘filho’. Coisa que não é simples nem sequer quando é feita a partir de catálogo e fotos digitais. Sorriso. Até que, lançada a semente, o desenrolar dos acontecimentos – a chegada das fotos, dos diplomas e dos adereços que consolidam  o estatuto de pai adoptivo – fizeram o que até ali não fora nada fácil conseguir.

Foi assim, com a paternidade já consolidada, que o Sabor (o nome do escolhido, foto acima) passou a fazer parte da família. Sem o imaginar, o feliz bichano, vive no seu habitat e em simultâneo na cabeça (e casa) do rapaz.  Inexplicavelmente, a sua presença passou a pesar imenso quer no seu conceito de pai responsável, quer ainda nas inúmeras expectativas que o vi criar a partir dali. Tantas que ainda ontem me dizia, tolhido pela preocupação: avô, nunca mais recebemos notícias do  Sabor, achas que ele ainda sabe que eu sou pai dele?

Enfim! Nenhuma felicidade se iguala à de um pai zeloso pelo amor do filho que por nada desta vida quer deixar que se perca no nevoeiro do afastamento e da distância que os separa.

  

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