Dele dizem tratar-se de um ‘quadro depressivo’, a família
e os amigos. Alguns apenas. Outros preferem nada dizer. Reparam só. Uns e
outros, todos a observar-lhe a repetição dos dias (das semanas e dos meses). Os
rituais em modo repisado. A indiferença pelo que o rodeia. O modelo obrigatório
de que é feito o pouco que lhe dá prazer. O tempo que vive no espaço virtual. A inactividade que lhe absorve
a vida e a paciência. O decrépito
evidente. A dificuldade em expandir interesses por outras áreas. Em executar
retenções mentais, ou exercícios de raciocínio fora do seu básico de interesses.
A incapacidade em reconhecer que o seu comportamento expõe um quadro
mental que não é dos mais saudáveis. De defrontar tudo o que acontece fora do (cada
vez mais limitado) círculo da sua vontade. De identificar o desconsolo em que se
afunda.
Tudo isto, a impedi-lo de tomar
consciência que ser uma pessoa é muito mais do que simplesmente existir, a fazer deste caso um dos extremos duma sociedade onde cada vez mais cedo se é
atirado para fora do mercado de valores (ou de trabalho, se preferirem). E a verdade é que está a aumentar, de forma
alarmante, a quantidade de gente assim. A viver um perpétuo domingo. Sem dias
seguintes. Como se estivessem apenas em espera, a deixar-se envelhecer como plantas murchas.
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