Não
é a primeira vez que deixo a meio um vinho cujo sabor não me agrada.
Ultimamente, é muito estranho, tem-me acontecido com uma frequência notável.
Quase sempre com as garrafas mais caras. O que deixa no palato um acentuado
travo a desperdício. No entanto, é curioso (e sintomático), raros são os maus
vinhos que me desiludem. Provo-os e, das duas uma, ou os cuspo de imediato e
passamos a outro, ou já sabemos a que vai ficar a dever-se a cabeça pesada,
amanhã ao acordar. Já com os bons é ao
contrário, pois raros e escassos estão a tornar-se os capazes de me brindar com
excitação (e vontade) suficiente para que os inclua nos repastos a que são
chamados. Decididamente a enologia é uma ciência cheia destas armadilhas. Pior,
começo mesmo a achar que há uma qualquer paridade entre a literatura e as Grandes
Reservas etílicas. Com uma e outras sempre prontas a cobrar-nos preços demasiado
altos para consolos demasiado efémeros. Assim, na dúvida, amanhã vou voltar ao
Lobo Antunes e (juro) vou acompanhar o rodízio de peixe assado do almoço com um
penalti de água da nascente.
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