segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

ao engano

Não é a primeira vez que deixo a meio um vinho cujo sabor não me agrada. Ultimamente, é muito estranho, tem-me acontecido com uma frequência notável. Quase sempre com as garrafas mais caras. O que deixa no palato um acentuado travo a desperdício. No entanto, é curioso (e sintomático), raros são os maus vinhos que me desiludem. Provo-os e, das duas uma, ou os cuspo de imediato e passamos a outro, ou já sabemos a que vai ficar a dever-se a cabeça pesada, amanhã ao acordar.  Já com os bons é ao contrário, pois raros e escassos estão a tornar-se os capazes de me brindar com excitação (e vontade) suficiente para que os inclua nos repastos a que são chamados. Decididamente a enologia é uma ciência cheia destas armadilhas. Pior, começo mesmo a achar que há uma qualquer paridade entre a literatura e as Grandes Reservas etílicas. Com uma e outras sempre prontas a cobrar-nos preços demasiado altos para consolos demasiado efémeros. Assim, na dúvida, amanhã vou voltar ao Lobo Antunes e (juro) vou acompanhar o rodízio de peixe assado do almoço com um penalti de água da nascente. 

Sem comentários: