Há uns bons anos que trago comigo um hábito ao qual dedico uma certa fidelidade de podengo. O de esgotar a leitura (leia-se, consumir toda a obra) dos escritores que me são favoritos.
Comecei
a dar-me conta dele com o Gabriel Gracía
Márquez (a minha primeira vítima) e depois, ao passar pelo Saramago (de quem me
saturei a meio obrigando-me a fazer um intervalo), ou mais tarde pelo J.M.Coetze,
num longo período em que sofri de uma assumida avidez no consumo de nobéis, depressa
me apercebi que o mal se tinha instalado.
E,
se é verdade que se trata duma mania que faz um efeito monótono nas prateleiras das
estantes, há que dizê-lo, recupera-se desse prejuízo com o entusiasmante prazer
de podermos continuamente saciar o agrado.
Ora, foi
também assim que me tornei viciado em José Rentes de Carvalho de quem tenho compulsivamente
consumido tudo o que me passa ao alcance da mão. E, tudo isto para vos dizer da forma
implacável como a adição se manifesta, fazendo-me andar aqui já há uns dias a previr
a chegada do anunciado «Portugal A Flor e a Foice».
É muito sofrida a vida de um ansioso consumidor, acreditem.

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