É verdade, era para vos ter dito e depois passou-me. Efeitos do bolor do
esquecimento, certamente. Na semana passada faleceu o Sr. Director. Aquele
que era mesmo, sim. Não o outro, que gostaria de ter sido. Creio que
a coisa aconteceu às mãos de uma daquelas doenças que nos aproximam da
morte em menos de uns meses. Dois ou três, ao que parece. A
passar tão depressa o pouco que lhe restava de vida. Até que…
Quem havia de dizer! Logo ele que nos havia chegado com aquele seu porte
imortal. Solene e rígido. Disposto a 'arrumar a casa', como então se
disse quando nos informaram ao que vinha. Ele que nos chegou ainda vivo. E
afinal, que tristeza este desfecho. Este concluir que a morte é
mais do que um boato. Que não é como as más digestões. Algo que nos
passe amanhã ou depois. E, o que é pior de tudo, que nunca vem na hora esperada. Mesmo quando já estamos à sua
espera. Finalmente a paz Sr Director. Só espero que ela o tenha libertado
de todos os pesos e todas as torturas. Pareciam ser tantos. Afinal, quem havia
de dizer, é ela que nos torna todos iguais. Não é?
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