quarta-feira, 23 de abril de 2014

constrangimentos sociais


Se fosse possível converter em dados estatísticos os convites que me fazem, e que recuso, atingir-se-ia um score (mais que provável) de seis em dez. Na verdade, até eu me considero um resistente quando se trata de evitar misturar o prazer gustativo com o desprazer de certas companhias. Refiro-me a convites para refeições, é evidente.

Ainda assim, numa estranha e assaz difícil exigência de compreensão, há quem não desista de o tentar. Hoje por isto, amanhã por aquilo, há uma regra (das perversas) a fazer com que, quanto maior a minha intolerância a certas companhias, mais vastas são as probabilidades de se repetirem (ad nauseam), os convites que delas me chegam. 

É de tal ordem que já nem sei se é de gozo ou de alívio a expressão que me fica quando estes casos se produzem e os evito com o melhor da minha simpatia. Todavia, como se não desistissem desse sonho, há humanos que fazem questão de ignorar as minhas sucessivas desculpas e continuam a tentar seduzir-me para a mesa com a mesma determinação de quem se dispõe a regar o deserto (na esperança de o tornar produtivo, pois claro.)


Dito isto, que fique claro: não sou do tipo de exibir caretas de nojo quando chego perto de alguém, mas, há limites. Especialmente quando se trata de aceitar a presença de gente com quem não temos uma única ideia em comum. Ainda assim, reconheço, nem sempre me ficam ocultos os incontroláveis bocejos que se soltam do motor de os fazer. Sou mesmo um gajo pouco fadado para o fingimento. 

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