Prezo as opiniões que recebo. Umas mais
vincadas que outras, acolho-as a todas sem distinção. A maioria dos que se
dignam emiti-las financiam com tal gesto um interesse que me é dedicado e que
valorizo. Sinto-me lisonjeado até, por
vezes. Faz assim, não faças assado. Uns
cheios delas, outros menos. Há os que as têm fáceis e os que as emitem
fortes. Salvo melhor opinião não me
parece nunca que lhes deva ser
indiferente ou intolerante. Escuto-as
e arrumo-as no sítio próprio. Às que me
servem, guardo-as no saco da importância, tomo-as por guia. Às outras, as que
não passam de banais e ilegítimos exercícios de direito ao palpite, vindas de
quem crê que tudo sabe e a quem tudo é permitido (mesmo quando trazem em si o perigo de que
nelas acredite), acato-as como se fossem
elogios que me fizessem falta. E, quase
sempre, ignorando-lhes a deprimente falta de conhecimento, acondiciono-as
também, junto com os restos do frango, as embalagens vazias de margarina, os
lenços de papel usados e as cascas e os caroços de fruta podre.
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