São quase onze horas. É tarde. Quero lá
saber que não se perceba se é noite ou dia. Há momentos em que ler nas
entrelinhas é indispensável. E depois estou sem pachorra para mais explicações.
Já tenho a minha dose de banalidades por hoje. Algumas das que li eu até era
capaz de as ter adivinhado antes. (Sim, porque adivinhar depois não é fácil, eu sei).
Antes de lá entrar, queria dizer. Antes de lhes abrir as caixas de sofrimento.
De lhes ler o penar do costume. As ladainhas do seu viver sem desvio ou emoção.
Numa espécie de grandiosidade oca. Porra a vida não é sempre um arco-íris,
todos sabemos, mas há limites para tudo. Não é novidade. Quero crer que não
seja. Às vezes tenho a impressão que eles acreditam (ingenuamente, bem se vê)
ser suficiente aflorar as coisas com ar desprendido. Numa espécie de
'ao-de-leve'. A mim magoa-me mais a dor servida assim, em golfadas de pieguice.
Inútil. Despida de realidade. Perigosamente igual. Como é próprio dos
vendedores de feira. Detesto palmadinhas nas costas. E gente sem outros
talentos que não sejam o da bajulação, também.
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