A par de tudo
isto que por aqui se lê, vão passados seis meses desde que dei forma a este espaço
de respiração. Ao revê-lo, como por vezes faço, sinto-o confinado a uma
pequenez que pouco mais lhe dá do que a condição de baldio palavroso. Um local
exíguo de satisfação que funciona como válvula de escape das dores mais
penosas de suportar (algumas delas que até me são alheias, por
sinal).
É daqui,
desta aridez de deserto, que reparo nas sombras que me ameaçam, nas ilusões e
nos enganos que me alimentam, no fio com que vou tecendo a vida e colorindo as
angústias.
Por tudo
isto é sempre imponderável o que daqui
se desencadeia em consequências (já que tudo as tem),
mesmo que algumas delas nem sequer sejam visíveis a olho
nu. Ou, que tantas outras já se pareçam com dolorosos acontecimentos ainda antes de o serem.
Em suma, o
uso que dou a este utensílio (da escrita) que hoje me cura e amanhã me
mata, é o mesmo que possui o remédio que, quando não fazendo nem uma
coisa nem outra, pelo menos abranda o sofrimento.
E depois, na
próxima consulta, a médica, caridosamente, perguntar-me-á: continua a perder o seu tempo a autoflagelar-se?
E eu,
consciente da minha fragilidade, arredondando a resposta (e a mentira),
digo-lhe apenas: às vezes, muito poucas (raras mas marcantes).
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