quinta-feira, 10 de setembro de 2015

escusada lucidez

Admitindo que pudesse esse acontecimento ter-me chegado por acção do vento de um presságio não determinado, na última sessão a que fui contei à psicóloga, que tinha encontrado no facebook, uma ex-namorada.

Pediu-me então que lhe falasse do assunto com maior rigor. Há quanto tempo não nos víamos? Mais de 40 anos. Que significado tinha tido para mim esse reencontro? Surpresa. Porquê surpresa? Por ela ainda se lembrar de mim – respondi-lhe eu com a mais pura da minha sinceridade.  

Então ela, socorrendo-se da sua angélica paciência, e em jeito de quem arruma definitivamente o assunto, rematou: 


Mas diga-me lá, se uma ex-namorada não se recordar de si, mesmo que tenha sido há 40 anos, a que género de posteridade é que espera poder aspirar? 

Não lhe dei resposta, é óbvio, limitei-me a considerar a possibilidade, no trajecto de regresso a casa, de este mês não lhe pagar. 

Porra, tanta lucidez mata!