Não pára de crescer a minha indiferença por esta via de
pacificação. Contudo, o mais preocupante é isto já não ser coisa nova. E se,
apesar de tudo, ainda há uns meses eram muitos
os impulsos a fazerem com que isso não fosse problema, hoje já nem esse
recurso se vislumbra por entre a inutilidade do que ficou. De bom só mesmo o facto
de ter passado a libertar-me de tudo o que concluí ter a mais. Todos os dias
encontro algo novo que deixou de me fazer falta. E, claro, quando não o deito no
lixo, ofereço a alguém que tenha dos instantes da vida a mesma noção de
eternidade pela frente que eu já tive. Oxalá chegue depressa a vez da
limpeza a este espaço. Enquanto isso, vacilo e insisto ao mesmo tempo.
segunda-feira, 23 de novembro de 2015
quinta-feira, 19 de novembro de 2015
o preço
Esta coisa de aqui deixar meia dúzia de likes, uma foto, duas palavras, uma frase que seja, em momentos que nos interpelam, destinados à eternidade, como os que vivemos a propósito dos recentes acontecimentos em Paris, tem agarrada a ela um lado farsola do qual nos servimos e a que quase todos somos indiferentes. É a componente do alívio de consciência que isso representa. É o que talvez mais se consiga com esses gestos a que gostaríamos de chamar solidariedade - a sensação de dever cumprido. É disso que se trata, uma nova linha de cosmética para a indiferença. Mandar uma boca, um palpite, postar uma foto, um vídeo, e seguir em frente. Assim vamos pagando o preço do nosso bem-estar. Na esperança de que o gasto chegue para as necessidades.
Enquanto isso (e até que o mea culpa faça efeito) eu para me aliviar da minha, escrevo estas linhas em jeito de quem se culpa de a não ter tido.
segunda-feira, 16 de novembro de 2015
olhem-me para a rapidez do tempo. já viram bem?
Tudo o que o tempo faz de nós
(bom ou mau) sabe muito melhor (ou custa menos) se o acolhermos como um
empréstimo. É verdade que não podemos negociar o spread, mostrar má cara à taxa
de juro ou ameaçar que mudamos de agiota; mas que diabo, quem é que não faz
asneiras e maus negócios?
Daí por diante, por muito que
mudem as variantes, o que nos cumpre pouco mais é do que uma escolha sem saída - ou
pagamos ou devolvemos.
Qualquer hesitação (e o autor destas
linhas teve muitas) será punida à razão de desconfortos vários:
arrependimentos, remorsos, angústias, medo, muito medo. Principalmente ao temer
que tenha sido pouco (quase nenhum) o amor que dei e o bem que fiz (menos ainda)
aos que mais quero.
A velhice é tramada, nunca
devíamos aceitar empréstimos em troca da hipoteca da saúde. São um castigo por saldar e o único benefício que permitem é o descartável prazer que deram. Ao
que parece não é permitida bagagem nas viagens só de ida. Escusam de ter
ideias, abram mas é mão do lastro que vos prende, quanto antes. Se for de amor
(ou de admiração) não deixem nenhum para o fim, por pagar ou devolver. Olhem-me para a
rapidez do tempo. Já viram bem?
sábado, 14 de novembro de 2015
certezas
A amostra não é
suficientemente vasta para aceitar os resultados mas, ainda assim, parecem-me
ser uma esmagadora maioria os que por aqui se empenham mais no insulto do que na
argumentação.
Isto de dar umas valentes bordoadas a eito, sem outro
critério que não seja: toma lá um estalo, venha daí um abraço, requer muita
habilidade de contorcionismo afectivo. Isso e não só, perceber o essencial disto
também é capaz de dar uma ajudinha. E o essencial é a dúvida. Só ela(s) fica(m)
por esclarecer. Certezas é o que por aqui mais de vende. Chego a achar que nunca
ninguém terá percebido que a beleza da vida está na ausência delas.
quarta-feira, 4 de novembro de 2015
castigo adequado ao crime
Não me chega o tempo para tudo o que a necessidade dele (de
ter mais) obriga que faça. Se assim é, pouco mais posso fazer do que aceitar a punição
a que tamanha perda inevitavelmente me condenará. Que mal terei eu feito?
domingo, 1 de novembro de 2015
já cheira!
Antecipando o pesadelo: está quase aí o Natal!*
*(Essa quadra tão desejada pelos apreciadores do aroma das árvores de plástico.)
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