sexta-feira, 18 de dezembro de 2015

dar

Não estão as pessoas acostumadas a dar. Uns por estarem habituados a só receber  por cobrança, outros por temerem que imerja do gesto o compromisso conquistado ou o direito assumido. É por isso que, às espontâneas e gratuitas dádivas que faço, confiro sempre a ilusão de que mais não são que convites para almoçar, que aceitei realmente reconhecido. Perceba-se, pois, o que leva a que fujam de dar (como o diabo da cruz), os que, desconfiados, sempre o fizeram sem disfarçar a cerimónia e os enfeites ou o fatinho novo e as muitas fotos.  É isso que me faz admirar muito a fé católica da gente pequena que organiza eventos a que não vou. Que me pede explicações que não dou. E que desprezo por fazerem de tudo pequeninos logros, enormes embustes, merdosas negociatas. Dar (nem que seja amizade) é nada esperar em troca.