sábado, 26 de julho de 2014

a imensa riqueza da… simpatia



É feita de simpatia a relação que há muito temos. De silêncio e ausência também, tantos os meses que passamos sem nada saber um do outro. Esse tempo é o que compensamos com ocasionais (e sobretudo raras)  chamadas em que por meias frases e perguntas de ocasião ficamos a saber o que não sabíamos. Já dura há muito este ritual.  E nem a idade ou o ajustamento dos gostos contribuiu para que nisso mudasse mais do que o local onde nos encontramos, quase sempre acidentalmente.  Já pensei em dar-lhe um nome, a esta espécie de interacção. Mas, receio pecar por excesso, desisto sempre. Mais vale não lhe chamar nada do que aquilo que nunca foi.  A verdade é que me debato com um forte obstáculo a impedir-me de chamar ‘amigos’ a tipos assim, com quem sou capaz de estabelecer horas de diálogo, em que é imensa a emoção com que me falam dos seus carros (ou motas), e nenhuma a que concedem aos filhos (ou netos) que invariavelmente arrumam em  míseros  segundos de informação sobre a sua saúde.  É realmente estranho como por vezes a simpatia parece mesmo amizade. 

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