É feita de simpatia a relação que há muito temos. De
silêncio e ausência também, tantos os meses que passamos sem nada saber um do
outro. Esse tempo é o que compensamos com ocasionais (e sobretudo raras) chamadas em que por meias frases e perguntas
de ocasião ficamos a saber o que não sabíamos. Já dura há muito este ritual. E nem a idade ou o ajustamento dos gostos
contribuiu para que nisso mudasse mais do que o local onde nos encontramos,
quase sempre acidentalmente. Já pensei
em dar-lhe um nome, a esta espécie de interacção. Mas, receio pecar por
excesso, desisto sempre. Mais vale não lhe chamar nada do que aquilo que nunca
foi. A verdade é que me debato com um
forte obstáculo a impedir-me de chamar ‘amigos’ a tipos assim, com quem sou capaz
de estabelecer horas de diálogo, em que é imensa a emoção com que me falam dos
seus carros (ou motas), e nenhuma a que concedem aos filhos (ou netos) que
invariavelmente arrumam em míseros segundos de informação sobre a sua saúde. É realmente estranho como por vezes a simpatia parece
mesmo amizade.
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